Quem conta um conto, acrescenta um ponto.
(Provérbio Popular)
Somos aquilo que comemos e também o que absorvemos através dos sentidos.
No momento conturbado que vivemos atualmente, é imprescindível questionarmo-nos sobre toda a informação que nos chega através dos media e redes sociais, sob pena de cairmos no abismo da confusão mental.
Somos bombardeados a toda a hora por notícias e informações, quase sempre pouco claras ou contraditórias sobre eventos, personalidades e situações.
A imagem e o som nunca foram tão impactantes e instantâneos como hoje e chegam aos nossos olhos e ouvidos de forma crua e muitas vezes cruel, até em horas impróprias ao visionamento dos mais novos.
Mas o que é verdade e o que é mentira? Há que fazer a triagem. Tudo parece inverosímil, não fosse o facto de atravessarmos um momento de loucura a nível mundial. Acredito, porém, que seja este o momento da viragem.
Comemorou-se recentemente os oitenta anos da libertação de Auschwitz mas a humanidade parece não ter aprendido com os erros e continua a cometê-los.
Para isso, sem dúvida, contribui, como já citei, em grande parte, os media, manipulando, por vezes, a informação, colocando em destaque uma minoria que se intitula “mais poderosa”. Somos joguetes nas mãos de muitos narradores da mentira e falsidade.
Temos, contudo, a liberdade de escolha para fazer a seleção daquilo que nos faz sentido. Tornamo-nos, assim, resultado das nossas opções percetivas.
A propagação do som e da imagem, e respetiva descodificação, sempre foram elementos fundamentais para a perceção em todas as áreas. Através deles, estabelece-se a interação e entendimento entre todos.
Cabe, pois, a cada um de nós, como parte integrante da sociedade, escolher o que se quer ouvir, ver e assimilar. Ter discernimento, inteligência emocional e intuitiva para distinguir a verdade da mentira, é um esforço que compete a cada um.
Sabemos o papel determinante daquilo que assimilamos, através dos meios de comunicação, na origem dos comportamentos.
Muitas vezes, permanecer em silêncio, escutar o som da nossa própria essência seria a solução para nos diferenciarmos como seres humanos conscientes. Não nos deixar envolver demasiado com o que nos querem impor, seria um passo em frente para a nossa libertação.
Esta onda de energia negativa que nos invade diariamente, não nos pode subtrair a essência que contemos em nós de esperança num mundo melhor.
Parece que a informação, em vez de nos unir, dispersa-nos e afasta-nos cada vez mais. É até muitas vezes, uma das causas do surgimento abrupto de doenças mentais atualmente.
Cada indivíduo assimila o que ouve de maneira singular e diferenciada. A ilustrar este facto, temos, no campo da comunicação entre as pessoas, o “diz-que-disse”, a calúnia e o boato, que resultam da maneira como a informação é apreendida ou descodificada.
Há um provérbio popular que documenta essa constatação: “Quem conta um conto, acrescenta um ponto.” É sabido que cada pessoa relata a mesma mensagem acrescentando pormenores da sua autoria.
Há um jogo que as crianças fazem, “o telefone estragado” que permite chegar à conclusão que uma frase, transmitida de orelha a orelha, chega sempre ao último jogador completamente deturpada. Nada é assimilado com clareza e objetividade, pois os nossos filtros estão sempre presentes.
Em suma, acredito que as nossas seleções auditivas sejam influenciadoras e determinantes para a construção e evolução como seres humanos individuais e sociais.
Acredito que a verdadeira resposta para os nossos questionamentos pessoais, encontra.se, contudo, no silêncio. Reencontramo-nos, mesmo no meio de um mundo cada vez mais ruidoso em todas as vertentes, no silenciamento do nosso eu.
Saibamos, neste ambiente agitado onde vivemos, invadidos pela poluição sonora, parar, escutar uma música, o chilrear dos pássaros, o som da chuva e do vento, são coisas simples da vida que nos beneficiam e nos aquietam.
Saibamos distinguir a verdade da mentira.
Nota: Este artigo foi escrito segundo as regras do Novo Acordo Ortográfico
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