“A rádio morreu”, dizem uns. “Viva à rádio”, acrescentam outros. A rádio está a transformar-se.
Sobreviveu a uma morte tantas vezes anunciada. Nasceu cega para viver numa sociedade dominada pela imagem e a limitação visual foi, muitas vezes, apontada como a principal causa de morte. Contudo, contra muitas previsões, a rádio tem sobrevivido.
Deixou a sala de estar e passou para o carro. Foi-se transformando, adaptando e encontrou um lugar na paisagem mediática, após o confronto com a televisão. Foi o meio que ao longo da história mais facilmente se adaptou a novos cenários. E, com o surgimento da internet, está perante um novo desafio.
A migração da rádio para a internet foi, para uns, o anúncio final da morte e, para outros, o nascimento de uma nova rádio. “A rádio morreu”, dizem uns. “Viva à rádio”, acrescentam outros. A rádio está a transformar-se.
Tradicionalmente conhecido como um meio de comunicação imediato, irrepetível, o exclusivamente sonoro, agora, entrou numa espécie de crise de identidade e muitos começam a perguntar-se o que é ou não rádio.
O meio do imediato e do irrepetível tem agora à disposição a memória da internet. Além da possibilidade de ouvir a emissão tradicional, nos sites, são adicionados arquivos e podcasts, surgindo, assim, botões de “Play”, “Stop”, “Pause”, “Fast Forward”, “Rewind” e “Repeat” num meio que apenas tinha a possibilidade de ligar e desligar.
O meio exclusivamente sonoro já não o é. Ao som somou-se a imagem estática, o vídeo e o texto. Nos sites das rádios portuguesas, o som nem parece ser uma prioridade. O botão para ouvir tem um lugar tímido entre as imagens que gritam por atenção.
A Internet veio alterar a natureza da rádio, mas também permitir uma maior participação do público, elemento essencial para o exercício da cidadania. As potencialidades da rádio para se converter num real “aparelho de comunicação”, que pudesse emitir e também receber, já eram anunciadas pelo dramaturgo alemão Bertold Brecht no início do século passado. Na época, poderia parecer uma utopia, contudo, o desenvolvimento do telefone permitiu que se começasse a concretizar este sonho, que se torna mais real (apesar de ainda não estar totalmente concretizado), quando falamos da rádio na Internet. A participação do público é parte da identidade da rádio e é isso mesmo que se celebra hoje.
A 13 de Fevereiro celebra-se o Dia Mundial da Rádio. Este é o dia em que as Nações Unidas lançaram a United Nations Radio, em 1946. A data escolhida pela UNESCO é comemorada desde 2012. Depois da igualdade de género, o papel da mulher na radiodifusão, a rádio em situações de emergência e desastre, entre outros temas, este ano, sob o mote “Radio is You” (A Rádio és Tu), a participação pública é a temática que marca a celebração.
“A rádio informa-nos e transforma-nos através do entretenimento, da informação e da participação do público. Ao ter uma rádio, nunca se está só e conta-se sempre com a companhia de um bom amigo. Este ano, o objectivo principal da UNESCO é alentar as emissoras de rádio de todo o mundo, sejam comunitárias, privadas ou públicas, a dotar-se das ferramentas necessárias para serem as melhores emissoras. Com esse fim, devem assegurar-se de manter um diálogo constante com o sector da rádio, ouvintes e público em general”, pode ler-se no site em que estão disponibilizados um conjunto de recursos para assinalar a data.